terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Sem com Cem


Sem amargura, sem dor,
Sem tristeza, sem dissabor,
Sem vírgulas, sem ditadura,
Apenas amor, por favor.

Sem pressa, sem solidão,
Sem angustia, sem depressão,
Sem melancolia, sem ponto final,
Apenas amor, por favor.

Sem lágrimas, sem sofrimento,
Sem mágoa, Sem isolamento
Sem fantasmas, sem miséria,
Apenas amor, por favor.

Cem palavras, cem corações,
Cem abraços, cem emoções,
Cem poemas, cem desejos,
Cem amigos, cem gracejos.

Cem casais, cem sorrisos,
Cem beijos, cem risos,
Cem cores, cem brincadeiras,
Cem crianças, cem roseiras.

Tudo isto é utopia,
A realidade é bem distinta,
Mas sonhar é uma alegria
Pode ser que assim seja em 2030!


Bom Ano para todos!


segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Repercussões do Natal




            Sem dúvida alguma que estas semanas têm sido extremamente festivas. E na minha família o espírito natalício prolonga-se durante umas valentes semanas. Não, não recebo mais presentes, contudo há sempre almoços, lanches e jantares de família. Apresentam-me tios que nunca sequer vi, primos que não sabia ter... e o resultado destes banquetes? Alguns (como quem diz muitos) quilos a mais.
            As minhas avós nunca ficam satisfeitas com a quantidade que como, parecem dois soldados a bombardear o meu prato.
-Toma lá mais, filha. Estás muito magrinha!
            Depois de fazer a vontade à velhinha diz a outra:
            -Só isso? Sempre com as manias das dietas. Come só mais isto!
            Neste momento, já me estou a preparar psicologicamente para o dia que se avizinha. Pretendo entrar no novo ano com o pé direito e não a rebolar... Desejem-me sorte!

domingo, 29 de dezembro de 2013

Wintoupriano, o indiscreto intrometido!


Os dias cada vez andam mais estranhos. De noite, ninguém pode sair com tamanhas tempestades. De madrugada, o sol aquece timidamente as flores. Ao início da tarde, dá vontade de passear à beira mar. Ao final do dia, ninguém suporta a ventosa brisa que liberta as folhas pelo ar. Ninguém entende este incompreendido tempo! Com tantas mudanças de humor chega a parecer bipolar.
Face a esta realidade, os mais famosos astrólogos, cientistas, astrónomos e meteorologistas reuniram-se para reverem e estudarem as evidências destas alterações climáticas. Passaram-se segundos, minutos, horas, dias, semanas e meses... até que, em consenso geral, anunciaram a implementação da quinta estação do ano: o Wintoupriano. Explicaram que se tratava de uma junção das outras quatro estações já conhecidas e, afirmaram igualmente, que esta não teria posição fixa e definida no calendário. O Wintoupriano aparece quando quer, interrompe tudo o resto e não bate sequer à porta para pedir licença para entrar. É um indiscreto intrometido!

Bom dia!

sábado, 28 de dezembro de 2013

"Foi assim que aconteceu"


            Lá estava ele outra vez.
            Como sempre àquela hora, encontrava-me na biblioteca da escola. Estudava afincadamente ... até que ele chegou. Com olhos azuis e cabelo castanho-alourado, aquele misterioso rapaz despertava em mim um interesse que nenhum outro conseguia.
            Reparei nele por acaso. Uma amiga disse que era novo na escola e bastante charmoso. Não fiz caso, era aquele tipo de colega que todas as semanas arranjava uma nova paixão e, como tal, na semana seguinte teria uma nova, pensei eu. Enganei-me redondamente, pois desta vez ela falou nele semanas a fio e dei comigo particularmente interessada em ver com os meus própios olhos o tão elogiado rapaz. Também eu o queria contemplar.
           Comecei a reparar que todas as quintas de manhã, no meu intervalo de almoço, que passava na biblioteca, ele estava lá. Gostei do facto de ele ser tão nerd quanto eu.
Durante semanas, naquele curto espaço de tempo eu via-o, trocávamos olhares (por vezes, singelos sorrisos), no entanto nunca nos falámos.
Lá estava ele outra vez.
Novamente, observámo-nos mas nenhum falou. Seria um dia normal como todos os outros ... mas não. Apanhei o comboio para regressar a casa e, distraída com os meus pensamentos, nem o vi entrar. Cheguei ao meu destino e dirigi-me para a saída da estação onde esperaria pela minha mãe.
Lá estava ele outra vez.
Com um grupo de amigos, subia a rua, contornando as árvores do passeio. Quando passou por mim trocamos um olhar demorado, provavelmente por ambos percebermos que durante todo este tempo tínhamos morado perto um do outro. Cheguei a casa, fui ao computador e, como era hábito, abri a conta do facebook. Uma felicidade enorme invadiu-me quando vi que o rapaz tinha gostado de várias das minhas fotos. Poucos momentos depois, disse-me, timidamente, “olá”. Falámos durante o final de tarde e pela noite dentro. Ele tirava-me o sono. Combinámos encontrar-nos na manhã seguinte, no sítio onde tudo começara, na biblioteca. Adormeci a sonhar com o dia que me esperava...

*** 
Lá estava ele outra vez.
Na entrada da biblioteca, com um sorriso estampado na cara à minha espera. Com muito nervosismo e alguma ansiedade à mistura, aproximo-me e estendo-lhe a mão apresentando-me. Senti o áspero das suas mãos, embora me parecessem tão delicadas ao mesmo tempo. Ele apresentou-se. Foi assim que conheci o homem da minha vida.











sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

"As vizinhas dos outros"


Hoje vou dissertar sobre um dos grandes dilemas da minha vida: as minhas vizinhas!
Toda a gente tem daquelas vizinhas mais intrometidas, por isso o tema até pode parecer cliché.  Mas acreditem que na minha rua elas são particularmente mais chatas. De facto, as senhoras  em questão são as coscuvilheiras mor de Arcozelo (ou pelo menos pensava eu!).
A qualquer hora do dia, lá estão elas de cuco à  janela. Sempre de maquilhagem carregada, protótipos de palhaços, na verdade: batom vermelho garrido nos lábios, pó branco na face, sombras escuras e sombrias, finalizando com as bochechas torneadas a rosa. Mas não é a pintura excessiva que me chateia, são as abordagens constantes:
-Ai a menina vai sair?
-Vai passear com o namorado.- responde outra sem esperar sequer que me pronuncie.
E eu lá as deixo, a cochichar sobre a minha vida. Deliram com os enredos que criam na sua imaginação. Provavelmente, elas dariam melhor escritoras do que eu! Lá que têm criatividade, têm. Nisso, o mérito é todo delas!
Imergido numa destas minhas lamúrias, o meu pai lembrou-me que há sempre alguém que esteja em piores situações que nós. Há sempre alguém com vizinhos piores e mais ávidos de emoção. Vou passar a contar-vos a história dele então, mas prestem atenção, esta é verídica e tudo!
Na nossa vila, vive uma idosa muito conhecida por ter tentado por término à sua vida por diversas vezes. Numa das suas desesperadas tentativas, dirigiu-se à varanda do primeiro andar do prédio e, desajeitadamente, começou a subir o beiral. Ora, tal evento despertou a atenção da moradora do andar de cima. Porém, a ângulo de visão não era, com certeza, o melhor... Assim, inteligentemente, decidiu colocar uma pilha de revistas e jornais para que a elevasse e pudesse espreitar para baixo. Estão a imaginar o que aconteceu? A senhora tanto espreitou, tanto se esticou que as revistas escorregaram e... caiu! E não estou a tentar ter piada, foi mesmo assim que tudo se passou! Como devem calcular a queda foi feia, infelizmente, a senhora acabou por  falecer.
Não desejo tão mal às minhas vizinhas, mas gostava que isto as desincentivasse das suas longas estadias à janela!

Boa tarde!