sábado, 28 de dezembro de 2013

"Foi assim que aconteceu"


            Lá estava ele outra vez.
            Como sempre àquela hora, encontrava-me na biblioteca da escola. Estudava afincadamente ... até que ele chegou. Com olhos azuis e cabelo castanho-alourado, aquele misterioso rapaz despertava em mim um interesse que nenhum outro conseguia.
            Reparei nele por acaso. Uma amiga disse que era novo na escola e bastante charmoso. Não fiz caso, era aquele tipo de colega que todas as semanas arranjava uma nova paixão e, como tal, na semana seguinte teria uma nova, pensei eu. Enganei-me redondamente, pois desta vez ela falou nele semanas a fio e dei comigo particularmente interessada em ver com os meus própios olhos o tão elogiado rapaz. Também eu o queria contemplar.
           Comecei a reparar que todas as quintas de manhã, no meu intervalo de almoço, que passava na biblioteca, ele estava lá. Gostei do facto de ele ser tão nerd quanto eu.
Durante semanas, naquele curto espaço de tempo eu via-o, trocávamos olhares (por vezes, singelos sorrisos), no entanto nunca nos falámos.
Lá estava ele outra vez.
Novamente, observámo-nos mas nenhum falou. Seria um dia normal como todos os outros ... mas não. Apanhei o comboio para regressar a casa e, distraída com os meus pensamentos, nem o vi entrar. Cheguei ao meu destino e dirigi-me para a saída da estação onde esperaria pela minha mãe.
Lá estava ele outra vez.
Com um grupo de amigos, subia a rua, contornando as árvores do passeio. Quando passou por mim trocamos um olhar demorado, provavelmente por ambos percebermos que durante todo este tempo tínhamos morado perto um do outro. Cheguei a casa, fui ao computador e, como era hábito, abri a conta do facebook. Uma felicidade enorme invadiu-me quando vi que o rapaz tinha gostado de várias das minhas fotos. Poucos momentos depois, disse-me, timidamente, “olá”. Falámos durante o final de tarde e pela noite dentro. Ele tirava-me o sono. Combinámos encontrar-nos na manhã seguinte, no sítio onde tudo começara, na biblioteca. Adormeci a sonhar com o dia que me esperava...

*** 
Lá estava ele outra vez.
Na entrada da biblioteca, com um sorriso estampado na cara à minha espera. Com muito nervosismo e alguma ansiedade à mistura, aproximo-me e estendo-lhe a mão apresentando-me. Senti o áspero das suas mãos, embora me parecessem tão delicadas ao mesmo tempo. Ele apresentou-se. Foi assim que conheci o homem da minha vida.











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