Lá estava ele outra vez.
Como
sempre àquela hora, encontrava-me na biblioteca da escola. Estudava
afincadamente ... até que ele chegou. Com olhos azuis e cabelo
castanho-alourado, aquele misterioso rapaz despertava em mim um interesse que
nenhum outro conseguia.
Reparei
nele por acaso. Uma amiga disse que era novo na escola e bastante charmoso. Não
fiz caso, era aquele tipo de colega que todas as semanas arranjava uma nova
paixão e, como tal, na semana seguinte teria uma nova, pensei eu. Enganei-me
redondamente, pois desta vez ela falou nele semanas a fio e dei comigo
particularmente interessada em ver com os meus própios olhos o tão elogiado
rapaz. Também eu o queria contemplar.
Comecei a reparar que todas as quintas de manhã, no meu intervalo
de almoço, que passava na biblioteca, ele estava lá. Gostei do facto de ele ser tão nerd quanto eu.
Durante semanas, naquele
curto espaço de tempo eu via-o, trocávamos olhares (por vezes, singelos
sorrisos), no entanto nunca nos falámos.
Lá estava ele outra vez.
Novamente, observámo-nos mas
nenhum falou. Seria um dia normal como todos os outros ... mas não. Apanhei o
comboio para regressar a casa e, distraída com os meus pensamentos,
nem o vi entrar. Cheguei ao meu destino e dirigi-me para a saída da estação onde esperaria pela
minha mãe.
Lá estava ele outra vez.
Com um grupo de amigos, subia a rua, contornando as árvores do passeio. Quando passou por
mim trocamos um olhar demorado, provavelmente por ambos percebermos que durante
todo este tempo tínhamos morado perto um do outro. Cheguei a casa, fui ao
computador e, como era hábito, abri a conta do facebook.
Uma felicidade enorme invadiu-me quando vi que o rapaz tinha gostado de várias
das minhas fotos. Poucos momentos depois, disse-me, timidamente, “olá”. Falámos
durante o final de tarde e pela noite dentro. Ele tirava-me o sono. Combinámos encontrar-nos
na manhã seguinte, no sítio onde tudo começara, na biblioteca. Adormeci a
sonhar com o dia que me esperava...
***
Lá estava ele outra vez.
Na entrada da biblioteca,
com um sorriso estampado na cara à minha espera. Com muito nervosismo e alguma
ansiedade à mistura, aproximo-me e estendo-lhe a mão apresentando-me. Senti o
áspero das suas mãos, embora me parecessem tão delicadas ao mesmo tempo. Ele
apresentou-se. Foi assim que conheci o homem da minha vida.
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