sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

"As vizinhas dos outros"


Hoje vou dissertar sobre um dos grandes dilemas da minha vida: as minhas vizinhas!
Toda a gente tem daquelas vizinhas mais intrometidas, por isso o tema até pode parecer cliché.  Mas acreditem que na minha rua elas são particularmente mais chatas. De facto, as senhoras  em questão são as coscuvilheiras mor de Arcozelo (ou pelo menos pensava eu!).
A qualquer hora do dia, lá estão elas de cuco à  janela. Sempre de maquilhagem carregada, protótipos de palhaços, na verdade: batom vermelho garrido nos lábios, pó branco na face, sombras escuras e sombrias, finalizando com as bochechas torneadas a rosa. Mas não é a pintura excessiva que me chateia, são as abordagens constantes:
-Ai a menina vai sair?
-Vai passear com o namorado.- responde outra sem esperar sequer que me pronuncie.
E eu lá as deixo, a cochichar sobre a minha vida. Deliram com os enredos que criam na sua imaginação. Provavelmente, elas dariam melhor escritoras do que eu! Lá que têm criatividade, têm. Nisso, o mérito é todo delas!
Imergido numa destas minhas lamúrias, o meu pai lembrou-me que há sempre alguém que esteja em piores situações que nós. Há sempre alguém com vizinhos piores e mais ávidos de emoção. Vou passar a contar-vos a história dele então, mas prestem atenção, esta é verídica e tudo!
Na nossa vila, vive uma idosa muito conhecida por ter tentado por término à sua vida por diversas vezes. Numa das suas desesperadas tentativas, dirigiu-se à varanda do primeiro andar do prédio e, desajeitadamente, começou a subir o beiral. Ora, tal evento despertou a atenção da moradora do andar de cima. Porém, a ângulo de visão não era, com certeza, o melhor... Assim, inteligentemente, decidiu colocar uma pilha de revistas e jornais para que a elevasse e pudesse espreitar para baixo. Estão a imaginar o que aconteceu? A senhora tanto espreitou, tanto se esticou que as revistas escorregaram e... caiu! E não estou a tentar ter piada, foi mesmo assim que tudo se passou! Como devem calcular a queda foi feia, infelizmente, a senhora acabou por  falecer.
Não desejo tão mal às minhas vizinhas, mas gostava que isto as desincentivasse das suas longas estadias à janela!

Boa tarde!


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